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05/04/2013 às 23h53min - Atualizada em 05/04/2013 às 23h53min

PM mata universitário em abordagem errada

A morte de José Alves Pereira será investigada pela Polícia Civil do DF (24ª DP)

Do Metro Brasília noticias@band.com.br

 

Uma abordagem errada feita pela Polícia Militar do DF custou a vida de um rapaz de 27 anos e deixou três crianças órfãs, sendo que uma delas ainda está na barriga da companheira do jovem assassinado. Funcionário da Funcef e estudante de Administração de Empresas, José Alves Pereira levou um tiro na cabe-ça na madrugada desta quinta-feira na BR-070, perto da entrada do Condomínio Privê. Ele estava no banco do passageiro de um Fiat Uno dirigido pela colega de curso Karla Pamplona Gonçalves, 22. 

 

Atingida pela mesma bala no supercílio direito, Karla conta que a polícia atirou contra o carro sem ter feito qualquer sinalização para que ela parasse o veículo. “Não era uma blitz, eles não estavam com a sirene ligada, não pediram para parar. Eles apenas atiraram”, conta a moça que viu o amigo tombar ensaguentado sobre seu colo. Segundo ela, a viatura estava sobre o canteiro central da pista e os policiais sequer saíram do carro para efetuar os disparos. “Eu vinha a 80 quilômetros, achei que eles estavam esperando que eu passasse para entrarem na pista”, relata Karla. 

 

A versão dos policiais militares é diferente. De acordo com o comandante do 16º Batalhão, Marcilon Back, o tiro foi disparado na altura dos pneus porque o carro não havia atendido à ordem de parar. “Eles não demostraram reação, continuaram na mesma velocidade. Eles deveriam estar distraídos, mas é complicado não terem visto porque a viatura é uma blazer”, afirma o comandante Back. 

 

"Perdi meu protetor"

Nayara Cristina, 23, está grávida de 8 meses, espera um menino que pretende batizar como Luís Miguel. Casada com José Alves há quatro anos, ela conta que os dois tinham muitos planos para a chegada do segundo filho. “Ele estava estudando porque queria melhorar de vida. Será muito difícil criar meus filhos sozinha, mas quero que eles saibam que o pai era uma pessoa alegre”, afirma. Com Nayara, José tem Ana Clara, 2. De uma relação anterior, é pai de Vitória, 6.

 

Inquérito fica pronto em 30 dias

A morte de José Alves Pereira será investigada pela Polícia Civil do DF (24ª DP) e pela Corregedoria da Polícia Militar. O exame de balística a ser realizado pela polícia civil será crucial para definir o grau de responsabilidade do sargento que efetuou o disparo. 

 

Enquanto Karla sustenta que ele atirou contra as janelas do carro, os policiais envolvidos dizem que o tiro foi dado na altura dos pneus do veículo. Segundo a PM, os estudantes foram tratados como suspeitos porque um carro com as mesmas características havia sido roubado pouco antes em Taguatinga. 

 

O corregedor-adjunto da PM, Erich Meier, lamentou o ocorrido, e deu detalhes sobre a investigação. “A corregedoria já ouviu todos os policiais envolvidos na ação e será instaurado um inquérito policial militar para apurar o acontecido e ouvir a versão das vítimas”, afirmou.

 

O policial responsável pelo disparo foi afastado da área operacional da polícia e irá desempenhar atividades administrativas enquanto durarem as investigações. Os três colegas dele que estavam na viatura também. Os policiais envolvidos na ação receberão tratamento psicológico do CASo (Centro de Assistência Social da PM). O comandante-geral da Polícia Militar, Suamy Santana, retratou-se com a população do DF e com a própria corporação. 

 

Nenhum pedido de desculpas, no entanto, foi diretamente direcionado às famílias das vítimas. “Ninguém sequer nos telefonou. Ficamos sabendo de madrugada, quando os parentes da Karla vieram aqui nos avisar”, conta Nayara Cristina.

 


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