No mês da Independência do Brasil, convidamos você a virar a página do que pensava saber sobre a história do país. A MUNDO ESTRANHO conversou com historiadores e pesquisou documentos que colocam sob nova perspectiva muitas lições que você aprende na escola. Prepare-se para enxergar dom Pedro I, Tiradentes, Lampião e outros personagens de um jeito que nunca imaginou antes.
VOCÊ APRENDEU QUE: Os portugueses foram espertos no comércio com os índios: trocavam o valioso pau-brasil por quinquilharias sem nenhuma utilidade. Além disso, os nativos também foram escravizados ou forçados a adotar uma nova religião, o cristianismo. Com o tempo, a cultura local foi absorvida, e um povo que era pacífico e vivia em harmonia com a natureza desapareceu
MAS NA VERDADE: As novidades trazidas pelos portugueses (de armas a cavalos) causaram uma revolução na vida dos índios. Isolados do desenvolvimento da Ásia, África e Europa por 3 mil anos, eles não tinham saído da Idade da Pedra. Para eles, o pau-brasil é que era inútil. Os nativos foram incorporados às vilas e, no geral, gostaram da experiência de viver com os portugueses
VOCÊ APRENDEU QUE: Essas frutas seriam originais do Brasil. Ilustrações e pinturas sobre a chegada de Cabral (e os primeiros anos de colonização) mostram um litoral parecido com o que conhecemos hoje: praias azuis, de areias brancas, ornadas por longas fileiras de coqueiros. E a banana já seria uma fruta típica do país, muito consumida pelos índios
MAS NA VERDADE: O coco e a banana vieram com os europeus. Pasme: os nativos se alimentavam dos animais que caçavam… e de amendoim! Não existiam banana nem coco. Aliás, muitas frutas que associamos ao nosso “país tropical” foram trazidas por colonizadores ao longo do tempo – entre elas, a jaca, a manga e o abacate
Origem da feijoada
Bandeirantes
VOCÊ APRENDEU QUE: Os portugueses desembarcavam no litoral africano e invadiam a mata para caçar os nativos. Com poder de fogo superior, derrotavam tribos inteiras e as levavam de volta para a praia. Lá, as vítimas eram forçadas a embarcar em navios negreiros e eram vendidas como escravas ao redor do mundo
MAS NA VERDADE: Os próprios africanos vendiam escravos. Os portugueses não se aventuravam África adentro – eles tinham entrepostos comerciais no litoral, onde compravam escravos de guerra. Esse tipo de comércio sustentava a economia africana havia séculos. Os reis locais mais poderosos tinham escravos brancos e tanta influência que trocavam cartas com monarcas europeus
VOCÊ APRENDEU QUE: Entre 1500 e 1821, enquanto dominou o território brasileiro, Portugal extraiu todas as riquezas locais – e, de quebra, nas primeiras décadas, só mandou para cá bandidos renegados. Depois de retirar o pau-brasil, explorou o solo do Nordeste até a exaustão com a cana-de-açúcar. No século 18, acabou com o ouro da região das Minas Gerais
MAS NA VERDADE: Portugal também desenvolveu o país. A montagem de engenhos era acompanhada por plantações e pela criação de animais. Era um sistema usado com sucesso no Caribe e na África e funcionava bem para os padrões da época. Assim como a cana, o ouro também trouxe riquezas para o Brasil, criou um comércio ativo e ajudou a desenvolver cidades
VOCÊ APRENDEU QUE: Antônio Francisco Lisboa idealizou obras de valor incomparável no século 18. Mas era também um homem sofrido e recluso. Deformado por uma doença degenerativa, vivia escondido, só trabalhava à noite e segurava os instrumentos com as mãos trêmulas e envoltas em faixas. Seu corpo apodreceu lentamente, até a sua morte
MAS NA VERDADE: Aleijadinho é uma invenção literária. O personagem foi inspirado em outro herói monstruoso – o de O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo. Seu criador foi Rodrigo José Ferreira Bretas, que em 1958 escreveu uma monografia para participar de um concurso. Existiu um Antônio Francisco Lisboa, mas sua biografia é pouco conhecida. Ele certamente não era deformado e nem criou todas as obras creditadas a ele