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02/06/2014 às 15h39min - Atualizada em 02/06/2014 às 15h39min

Tráfico de pessoas faz 40 mil vítimas brasileiras

No Brasil, assim como em países africanos e asiáticos, trabalho escravo atinge maior parte das vítimas

Fernanda Makino e Leando Aislan, da BandNews FM Brasília

O tráfico de pessoas fez 40 mil vítimas brasileiras em seis anos e escravizou mais de 20 milhões de pessoas no mesmo período em todo mundo. Dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) apontam que 60% das pessoas traficadas no mundo são do sexo feminino, de 13 a 38 anos. Com crianças e adolescentes, o total chega a 75%.

A reportagem conversou com a agente comunitária Fabiana Mendes, de 30 anos, que foi obrigada a se prostituir na Espanha. Ela só conseguiu escapar um ano e meio depois, e acabou deportada, já que tinha fugido do prostíbulo sem documentos. “Eu tinha vários amigos que saíram do país. Então, uma amiga de uma amiga minha disse que estava ganhando muito dinheiro trabalhando como faxineira. E me perguntaram se eu não queria ir. Eu ia trabalhar em um hotel e tudo... E eu disse que sim”, relembra Fabiana. “Chegando lá, na mesma noite, eu me deparei com um hotel realmente, mas, embaixo, parecia com uma danceteria, as meninas seminuas e, em cima, os quartos, que eram os nossos. E eu já estava devendo a minha passagem mais 30 mil euros. Ficaram com meus documentos, me informaram da dívida e que eu tinha de fazer certos clientes por noite; eram dez, no mínimo. Foi constrangedor porque eu não conseguia fazer e a minha dívida aumentava a cada dia. Eu tinha de pagar a minha hospedagem por dia, que era de mais ou menos 100 euros”.
 

 

Os menores de idade também são alvo do tráfico de pessoas, já que a idade preferida das quadrilhas é de 17 anos. As falsas promessas de emprego com bons salários em outros países - ou até mesmo em outro estado – são os chamarizes, como alerta o secretário de Justiça do Distrito Federal, Jefferson Ribeiro. “Esses criminosos se aproveitam da situação de vulnerabilidade dessas pessoas justamente para oferecer uma vida fácil, oferecer uma vida enganosa, um mundo de riqueza. Não querem nem conversar com a família”.  

 

Um estudo divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) apontou que 514 inquéritos foram abertos no Brasil, entre 2005 e 2011, para identificar pessoas envolvidas com o crime. Para o coordenador do escritório da ONU para drogas e crimes, Nivio Nascimento, a maior dificuldade é encontrar os criminosos devido à falta de informações e de denúncias sobre os casos. “Como é um crime pouco conhecido, invisível para a opinião pública - inclusive para as instituições policiais e de Justiça -, as pessoas muitas vezes são vítimas desse crime, ou percebem esse crime acontecendo com outras pessoas, e acabam não notificando”. 

 

O crime tem diferentes características em regiões do mundo. Estudos da ONU ainda indicam que, na Europa, a maioria das vítimas cai na rede da exploração sexual. Já em países africanos e asiáticos, a maior parte das pessoas é aliciada para o trabalho escravo, prática que ainda em comum em solo brasileiro. 

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