O juiz federal Sérgio Moro realizou sua primeira aparição pública após tornar o ex-presidente Lula réu ao aceitar denúncia do Ministério Público Federal contra ele na Operação Lava Jato. Uma das celebridades do momento - se assim podemos adjetivá-lo -, esteve palestrando na noite desta quarta-feira, na cidade de Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre.
Em evento promovido pelo Grupo Editorial Sinos, o comandante da Operação Lava Jato lotou as dependências do Teatro da Feevale, que tem capacidade 1.800 pessoas. O ingresso de sua palestra custou preços que variavam de R$ 60 a R$ 90. Durante sua palestra, o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, evitou polêmicas e contornou temas que envolvessem o nome do ex-presidente Lula e demais políticos acusados em sistemas de corrupção.
Nos bastidores do teatro, Moro concedeu entrevista para o diretor executivo da Rádio ABC AM 900, Rodrigo Giacomet (vídeo). Na oportunidade, o juiz negou as acusações de Lula de que ele esteja conduzindo o processo da Lava Jato com parcialidade. “É natural quando se tem um processo de crime corrupção envolvendo políticos que haja um discurso no sentido de afirmar que os magistrados, promotores estão sendo partidários. Mas um juiz só trabalha com fatos do processo”, disse.
Moro também comentou sobre como funcionava o sistema de corrupção da Petrobras e uma suposta banalização de sistemas envolvendo pagamento de propina. “A regra do jogo era que se pagava propina nos contratos da Petrobras pra que se mantivesse o ambiente harmônico. Isso é uma coisa assustadora, porque representa a naturalização da prática da propina.”
O magistrado disse que o combate à corrupção no País precisa ser feito em conjunto, não dependendo só da justiça e sim de diversos poderes. “O combate e prevenção da corrupção sistêmica exige muito mais do que a ação da justiça criminal. Nem todos os crimes serão descobertos, e nem todos os crimes descobertos serão provados, e eventualmente podem ter aqueles casos que mesmo identificamos e provados a justiça não consiga dar uma resposta. É preciso que outras instituições também atuem, e aqui eu digo do executivo e do legislativo. É preciso aprovar reformas, campo criminal, transparência dos contratos públicos, mecanismo mais efetivos de controle contra desvios públicos.”
Sérgio Moro concluiu a entrevista contrariando petistas e dizendo que não há circo midiático. “Os processos têm sido decididos com muita sobriedade Não vejo espetacularização nesse aspecto.”
