A Petrobras admitiu que o balanço financeiro do terceiro trimestre do ano passado poderá trazer dados sobre prejuízos provocados pelas denúncias de corrupção. O resultado da empresa nos meses de julho a setembro deveria ter sido divulgado em novembro, mas já foi adiado por duas vezes por causa dos desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
A companhia diz que ainda analisa as demonstrações contábeis do terceiro trimestre e que avalia os projetos suspeitos de superfaturamento como a Refinaria Abreu e Lima.
O Conselho de Administração da Petrobras reunir-se-á no próximo dia 27, quando os resultados e a divulgação ao mercado serão discutidos.
Se for mesmo publicado, esse balanço ainda não contará com o aval de uma auditoria independente.
Em lugar do balanço financeiro do terceiro trimestre de 2014, a empresa divulgou dados relativos aos indicadores operacionais e econômicos, ressaltando que não teria feito revisão por auditores independentes.
De acordo com a nota, a receita de vendas atingiu R$ 88,378 bilhões e o caixa e equivalentes de caixa, R$ 62,409 bilhões. Além disso, o aumento de 7% nas vendas, comparada ao segundo trimestre de 2014, foi devido às maiores exportações de petróleo e ao aumento da demanda no mercado interno, principalmente diesel, suportada na maior parte pela produção nacional de derivados.
“Em relação ao período de janeiro-setembro de 2013, a receita de vendas foi superior em 13%, refletindo os maiores preços nas vendas de derivados no mercado interno, devido à incidência em todo o ano de 2014 dos reajustes de diesel e gasolina”, explicou a estatal.
Em dezembro, a Petrobras deu outro motivo, além da Operação Lava Jato, para não divulgar o balanço. A estatal citou a intimação da SEC (Securities and Exchange Commission), dos Estados Unidos, requerendo documentos relativos a uma investigação sobre a companhia iniciada pela entidade e o não conhecimento dos depoimentos prestados no âmbito do acordo de colaboração premiada de Julio Gerin de Almeida Camargo, do Grupo Toyo, e de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, do Grupo Setal.
Graça Foster, a presidente da estatal, em novembro, disse que a Petrobras "não estava pronta" para apresentar os balanços contábeis do terceiro trimestre do ano. Na época, foi informado que a auditoria responsável pelas contas da companhia, a PricewaterhouseCoopers, se recusou a assinar o balanço.