Estava escrito: “Preparem-se! O hexa está chegando!” A viagem do ônibus da seleção brasileira agora se tornará mais longa, durará mais quatro anos, com chegada prevista à Rússia em 2018.
Apesar do vexame histórico, da decepção, de explicar o que muitos consideram inexplicável, de comentar o lado emocional de jogadores, erros na armação tática ou apontar culpados em campo (se é que temos direito de chamar todos assim), vale acima de tudo aprender a lição.
Lição da eliminação, de repensar a organização, mudar, evoluir o futebol brasileiro, que em verdade, parou faz algum tempo. Mas mesmo com a goleada diante da Alemanha a vigésima Copa do Mundo vai deixar saudade, muita saudade!
Estádios de altíssima qualidade (todas as Arenas lotadas), campos de treinamento, concentrações, segurança, emoção em cada gol, seja ele no tempo normal, na prorrogação ou na disputa por pênaltis... e claro, vai deixar saudades do torcedor.
De acordo com a Fifa, a Copa 2014 tem a segunda maior média de público da história da competição, só fica atrás dos Estados Unidos em 94 (principalmente porque lá os estádios eram maiores).
Em matéria de gols (falo isso antes das disputas de terceiro lugar entre Brasil e Holanda e a final protagonizada por Alemanha e Argentina), essa Copa somava 167, quatro a menos apenas que o recorde de 98 no mundial da França.
Pela segunda vez na história o Brasil foi anfitrião, para alguns, do maior evento esportivo do planeta (para outros, são os Jogos Olímpicos). Bilhões de pessoas, seja ao vivo, pela TV, internet, pelo trabalho de cerca de vinte mil jornalistas falando, escrevendo e fotografando, acompanharam, torceram, vibraram com goleiros, defesas e ataques.
O volante da seleção alemã Bastian Schweinsteiger (que se considera o mais brasileiro dos alemães) disse: “o futebol aqui é uma religião e as pessoas tem muita alegria de viver. Passar um mês em um país tão diferente da Alemanha só pode lhe fazer bem”.
Segundo o colunista Simon Kuper, do jornal inglês Financial Times, “a tarefa agora é aprender com a experiência e "engarrafar” o sentimento brasileiro para reutilizá-lo na Rússia em 2018 e no Catar em 2022. O brasileiro é um elemento que qualquer futura Copa não deveria prescindir”.
Nunca se viu um mundial de tamanha empolgação e confraternização. A Copa superou em recepção, festa e teve o êxito contra o qual pessimistas de plantão lutaram contra. A Copa se despede. Que pena, porque já deixa saudade!
(*) Ricardo Fontenelle é jornalista do Bandsports, esteve em seis Olimpíadas e cobre atualmente a sétima Copa do Mundo.